Prefeito culpa a Cemig pelo acidente que matou 16 pessoas em Bandeira do Sul

O prefeito de Bandeira do Sul, José dos Santos, deve entrar com uma representação na Justiça contra a Cemig sobre o acidente com um trio elétrico que matou eletrocutadas 16 pessoas na cidade no último domingo (27).

Ele disse que a documentação para a festa pré-carnavalesca estava em dia, e que “se alguém é responsável pela tragédia, é a Cemig”. O prefeito ressalta que algum mecanismo de segurança deveria ter interrompido o fluxo de energia assim que ocorreu o curto-circuito. “Alguma coisa falhou”, completa.

Por enquanto, a principal linha de investigação da Polícia Civil tenta confirmar a denúncia de que uma serpentina metalizada, que atingiu um fio de média tensão, teria causado o curto-circuito, e a consequente explosão. Um dos cabos rompidos encostou no trio elétrico e conduziu a corrente elétrica de quase oito mil volts que matou 15 pessoas que estavam próximas.

Na segunda-feira (28), duas testemunhas foram ouvidas pela Polícia Civil de Bandeira do Sul: o motorista e o dono do caminhão que puxava o trio elétrico, mas a partir desta terça (1º) é a Delegacia Regional de Poços de Caldas que assumiu as investigações do acidente.

Em nota, a Cemig disse que não vai se pronunciar sobre as alegações do prefeito de Bandeira do Sul. Em coletiva à imprensa na noite de segunda-feira (28), o superintendente de relacionamento comercial com clientes da empresa, Ricardo Rocha, disse que essa foi a primeira ocorrência com serpentina metalizada no Estado de Minas Gerais. A Cemig também informou que está aguardando o resultado oficial da perícia realizada pela Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros.

Reunião em Bandeira do Sul

Estava programada para a manhã desta sexta-feira, uma reunião, em Bandeira do Sul, do prefeito da cidade com o deputado estadual e vice-presidente da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Pompílio Carnavez, e diretores do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro).

O parlamentar e os sindicalistas ficaram de colher informações sobre o acidente que provocou a morte de 16 pessoas eletrocutadas e deixou mais de 50 feridos, no último dia 27. Tanto o deputado quanto o Sindieletro querem a apuração minuciosa do acidente, indo além da atribuição da tragédia ao uso da serpentina metalizada.

Os dirigentes sindicais e o parlamentar receberam denúncia de que, após o curto circuito, a rede elétrica levou mais de 20 segundos para desenergizar, um tempo muito superior ao informado pela Cemig. Também há informação da existência de vários boletins de ocorrência notificando acidentes na rede elétrica em Bandeira do Sul, onde, segundo a prefeitura, não há nenhum trabalhador da Cemig atuando na manutenção da rede.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acompanha a apuração do acidente, considerado a maior tragédia de toda a história do setor elétrico do país.

Feridos

Três pessoas que estavam internadas na Santa Casa de Poços de Caldas tiveram alta na terça-feira (1º). O hospital recebeu um paciente que foi transferido do Hospital São Domingos. De acordo com o boletim médico atualizado no começo da tarde, a Santa Casa está com dez vítimas internadas. Entre elas uma adolescente de 14 anos que está na UTI. Outros dois jovens feridos no acidente foram transferidas para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, na segunda-feira. Um homem de 31 anos também está internado na UTI do Hospital Pedro Sanches, em Poços de Caldas.

Fonte: CUT/Minas