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EDITORIAL

sábado, 26/11/2011 11:54

Revivendo os tempos de “chumbo”

Já havia faixa do SINDOJUS/MG expressando o apoio à greve e a união entre os dois sindicatos e as duas categorias. Hoje (sexta-feira, 25), foram afixadas mais duas, com os seguintes dizeres: “O TJMG não respeita a CF/88 e não respeita os direitos dos servidores. Não ao calote. Não à desvalorização. SINDOJUS/MG e SINJUS: Unidos pela Justiça!”; e “ A luta do SINJUS por direitos, valorização e dignidade é de todos os servidores do Judiciário mineiro. SINDOJUS/MG e SINJUS: Unidos pela Justiça!”.

Ao afixar as faixas em frente ao anexo do TJMG, os diretores do SINDOJUS/MG foram abordados por um cidadão que, dizendo ser capitão da PMMG e tratar-se de ordem do “coronel” e do presidente do Órgão, responsável pela segurança local, mandou que retirassem o material. Os sindicalistas se recusaram a obedecer a ordem e, logo, todos os servidores que estavam presentes no ato do SINDJUS, em frente ao prédio principal do Tribunal, dirigiram-se para perto das faixas e o funcionário se retirou. Um pouco mais tarde, os diretores do SINDOJUS/MG voltaram para ajustar as faixas, mas o funcionário do Tribunal voltou a dizer que era para retirá-las. Os representantes do Sindicato disseram-lhe que ele estava cerceando a liberdade de manifestação de pensamento e direito de greve. O funcionário do Tribunal retrucou afirmando que a afixação das faixas naquele local era um desrespeito à legislação, mas os diretores do SINDOJUS/MG pediram que ele citasse a lei e os artigos a que se referia e reiteraram que a atitude do Tribunal era um “ato atentatório ao direito de greve”.

Em meio à confusão, chegou uma pessoa que se identificou como policial civil e diretor do Sindpol/MG, que representa aquela categoria, e se juntou aos sindicalistas do Judiciário. O policial foi além, ligando para o Sindpol/MG e colocando o presidente daquela entidade, Denilson Martins, para falar com um dos diretores do SINDOJUS/MG. Martins disse que o Tribunal estava tendo uma postura arbitrária e se dispôs a ir até o local, se necessário fosse, para ajudar e apoiar o SINDOJUS/MG e o SINJUS, na greve e no episódio que estava ocorrendo. Veio também, do prédio do Tribunal, com camisa da instituição, uma fotógrafa para registrar o episódio e os dirigentes SINDOJUS/MG pediram que ela também os fotografasse junto às faixas, com o que ela concordou. Foi quando aproximou-se uma viatura do Batalhão de Eventos da Polícia Militar, parou perto do local e ficou observando o desenrolar da confusão. Ao ouvir o segurança que acabara de sair do prédio do Tribunal dizer que era um coronel que estava dentro da viatura, o policial civil dirigiu-se à veículo para conversar com o coronel e este bateu em retirada.

Na verdade, o episódio que ocorreu nesta tarde, às portas do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, foi a expressão máxima da postura ditatorial e arbitrária que é a marca da atual administração daquela instituição. Muito pior do que a ditadura militar é a ditatura da toga, por traz da qual muitos se escondem, passando por cima, desrespeitando e ignorando todo e qualquer tipo de lei que beneficie os servidores do Judiciário mineiro. E o pior: desrespeitando a Lei Máxima desse país, a Constituição da República Federativa do Brasil.

É preciso deixar claro, mas muito claro, que o orçamento destinado ao TJMG é dinheiro público .Por isso, a sociedade mineira e os servidores têm o direito de saber onde é gasto cada centavo, de forma pública e transparente, conforme manda a Constituição Federal. O orçamento destinado ao TJMG, as instalações e os prédios não pertencem ao presidente da instituição. Desembargadores, juízes e funcionários são servidores públicos e devem trabalhar para a sociedade, pois todos recebem pelos cofres públicos. Todos têm o mesmo valor.

O SINDOJUS/MG repudia veementemente o uso de espião militar, pelo TJMG, com o intuito de intimidar a greve legítima dos servidores da 2ª Instância. Vamos buscar o apoio de todos os sindicatos do estado de Minas Gerais, da sociedade, do CNJ, da imprensa nacional, para apoiar esse movimento que busca implementação de direitos e de dignidade. E vamos fazer uma campanha nacional contra os excessos de poder, no âmbito dos três poderes do Estado, pois isso sempre gerou, e ainda gera, abusos. Abaixo a corrupção e o desmando nos poderes da República.

Continuaremos apoiando o SINJUS, em todos os atos públicos e em todas as manifestações, pois entendemos que todos nós, servidores do Judiciário estadual, somos uma única categoria. Não vamos admitir que façam conosco o que fizeram com os professores. Estes foram desrespeitados pelo governo de Minas, que, de forma autoritária, como nos tempos da ditadura militar, fez aprovar lei que ignora flagrantemente direitos legitimamente adquiridos, havia décadas, pela categoria. Aproveitamos, também, para manifestar o nosso apoio incondicional à greve da Polícia Civil e à mobilização dos colegas da área de saúde pública estadual e dos trabalhadores da Cemig.

Existe algum problema muito sério no estado de Minas Gerais. Segunda arrecadação da Federação,  paga os piores salários aos servidores estaduais. Enquanto o cidadão mineiro e o servidor público continuar sendo trocado por viadutos, asfalto e prédios suntuosos, continuaremos a ter os piores vencimentos, as piores escolas e a pior saúde. Onde pousa um ‘tucano’, pousa a miséria, pousa o desrespeito ao ser humano. Temos que mudar essa realidade. Urgentemente!