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A Cemig “privatizada” pelo governo de Minas

segunda-feira, 27/05/2013 18:17

Enquanto isso, propaganda na TV mostra o trabalho “social” da empresa

Enquanto o Ministério da Previdência  combate  fraudes de empresas que deixam de notificar acidentes de trabalho, a Cemig, maior estatal de Minas, acoberta casos gravíssimos de abandono de trabalhador acidentado pelas empreiteiras.

O Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG) acompanha trabalhadores que  estão sem tratamento e sem a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), documento necessário para reivindicar direitos como FGTS e indenização pelo acidente.

O eletricista José Maria Fernandes Barbosa, contratado da Encel Engenharia, sofreu acidente em 25 de janeiro, quando uma árvore de Natal caiu sobre a perna direita, em Contagem. No Pronto Socorro identificaram  a necessidade de cirurgia no joelho. Mas, por omissão da empreiteira e da Cemig, a operação não foi feita.

José Maria, que vive no alojamento da própria Encel, em Contagem, ficou de janeiro a abril sem  salário e sem tratamento médico, uam condição que se assemlha ao trabalho escravo. Ele foi atendido num Pronto Socorro da Cidade Industrial onde fez ressonância magnética e foi constatada a lesão mas não foi dada continuidade ao tratamento pela irresponsabilidade da empresa e pela simplicidade do trabalhador que foi jogado de um lado para o outro, sem solucionar seu problema.

Só depois que o Sindieletro denunciou as irregularidades à Superintendência Regional do Trabalho, a empreiteira agendou perícia no INSS. José Maria ficou três meses sem salário. Desde o acidente não recebe cartão alimentação e a indenização do seguro também não foi paga pela empreiteira que, mesmo assim, retém a carteira de trabalho do eletricista de 26 anos, que veio de são Francisco, no Norte de Minas, para trabalhar na rede da Cemig.

Em Barbacena, o eletricista Amarildo Luiz de Oliveira, 51 anos, da Inove Energia Ltda, empresa subcontratada por uma empreiteira da Cemig, que sofreu acidente em 27 de fevereiro, em Santa Rita de Ibitipoca tenta localizar os patrões. Um poste atingiu  a cabeça do trabalhador, que ficou quase um mês na UTI. Apesar da gravidade do acidente, a empreiteira não emitiu CAT e não garantiu o tratamento médico e, por falta da notificação, o INSS registrou o caso como doença comum.

Amarildo teve lesão na face, perdeu a audição do lado direito e está com a visão de um olho seriamente prejudicada.  Ele está em casa, sem nenhum apoio ou contato com a empreiteira, que segundo apurou, fechou  escritório de Barbacena. Visivelmente desorientado com as dores no olho e a dificuldade para andar, ele  ainda tem a esperança de achar alguém da empreiteira para continuar o tratamento já que pelo SUS não conseguiu nem a fisioterapia nem o tratamento para o olho.

Importância da CAT

Toda empresa é obrigada a emitir a CAT, documento que comprova o nexo causal do acidente ou doença com a atividade profissional. O documento também assegura direitos do trabalhador acidentado.

Terceirização dos acidentes

Para o Sindieletro a Cemig é a maior responsável pelas irregularidades e pelo abandono de eletricitários acidentados. Através da terceirização, a empresa transfere para empreiteiras o risco do trabalho com eletricidade, sem qualquer fiscalização sobre condições de trabalho.

Além das fraudes nas CATs há denúncia de que as contratadas da Cemig colocam a segurança do trabalhador em risco ao adotar o pagamento por  produtividade, uma prática que gera pressão e potencializa o risco de acidentes, e oferecer, muitas vezes condições precárias de trabalho. O resultado é que morre um trabalhador a cada 45 dias a serviço da Cemig e a maioria das vítimas é terceirizada.

Fonte: Sindieletro/MG