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Dia Nacional de Luta

quinta-feira, 11/07/2013 21:01

Todos contra os “podres poderes”, como diria a canção de Caetano Veloso

“É necessário incluir o Poder Judiciário nas reformas que o povo brasileiro anseia em fazer, não apenas no Executivo e no Legislativo” (Wander Ribeiro, Presidente do Sindojus/MG). 

As manifestações que agitaram as ruas país afora durante quase todo o mês de junho, simultaneamente aos jogos da Copa das Confederações, foram reeditadas nesta quinta-feira, 11 de julho, em Belo Horizontes. Só que, desta vez, ampliada pela participação das centrais sindicais, sindicatos e entidades dos movimentos sociais, que se juntaram aos jovens do movimento estudantil.

O Dia Nacional de Luta começou bem cedo na capital mineira. Primeiro, algumas lideranças sindicais foram recebidas na Assembleia Legislativa, pelo presidente da Casa, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), a quem entregaram uma pauta de reivindicações dos trabalhadores dos serviços público e privado. Às 10 horas, teve início a concentração e ato público conjunto na Praça 7 de Setembro, centro da cidade. Do carro de som, e diante de faixas, bandeiras, cartazes e uma profusão de cores, os participantes ocuparam o microfone para expressar para a sociedade mineira e belo-horizontina as queixas e reivindicações das inúmeras categorias de trabalhadores e diversos segmentos sociais, demonstrando o descontentamento evidente da população ante os desmandos e a crise de caráter e probidade que afeta o setor público nas três esferas dos poderes e da federação. Além das pautas específicas dos diversos segmentos, foram também defendidas dezenas de causas consideradas da pauta de interesse geral, tais como: Auditoria cidadã da dívida pública; Fim do fator previdenciário; 10% do PIB para educação e 10% do PIB para a Saúde; Reforma política já!; Reforma agrária já!; Transporte público acessível e de qualidade; Valorização do servidor público e melhores condições de trabalho; Paridade entre ativos e aposentados; Rejeição ao PL 4.330, que amplia a terceirização; Anulação da Reforma Previdenciária; Fim das parcerias público-privadas (PPPs); Valorização das aposentadorias; Fim dos leilões do petróleo; Reforma urbana; Democratização dos meios de comunicação.

Em três faixas estendidas no local, o SINDOJUS/MG, conclamando para que todos trabalhem “unidos por um Brasil honesto”, pedia: “Menos corrupção e menos impunidade nos poderes da República”; “Reforma ampla e irrestrita no Executivo, Legislativo e Judiciário”; e “Mais saúde, mais educação e mais reforma agrária”. E ao microfone, em discurso inflamado, o presidente Wander da Costa Ribeiro reforçou: “Queremos educação e reforma agrária”. Depois, alertou: “Não pensem que é só o Legislativo e o Executivo que precisam de reforma. Voltem os olhos também para o Judiciário, pois este poder é antidemocrático e inoperante!”. Por último, afirmou que o excesso de poder gera o abuso e conluio, como ocorre na relação entre o Executivo e Judiciário mineiros, e sentenciou: “Reforma ampla e irrestrita para os três poderes!”. Também estiveram presentes a vice-presidente do SINDOJUS/MG, Ana Luíza Carneiro, o diretor administrativo Jonathan Porto do Carmo e alguns oficiais de justiça.

Passeata e mais denúncias

Da Praça 7, os centenas de milhares de manifestantes seguiram em passeata pelas ruas de Belo Horizonte. Ao passar pela prefeitura, protestaram contra a atitude do prefeito Márcio Lacerda de mandar fechar a Prefeitura. Assim, tiveram frustrada a tentativa de, assim como ocorreu em relação à Assembleia Legislativa, entregar uma ampla pauta de reivindicações ao chefe do Executivo. “Márcio Lacerda, seu governo é uma merda”, dispararam. Antes disso, tornaram pública uma série de denúncias e queixas contra a administração do município e à postura ditatorial do prefeito.

Em frente ao prédio do Banco Central, externaram a insatisfação do povo brasileiro em relação à política econômica, às privatizações e às Parcerias Público-Privadas (PPPs), que só fazem transferir recursos públicos para a iniciativa privada, em detrimento da qualidade dos serviços públicos, dos salários dos servidores e dos projetos sociais de governo. Em frente à Assembleia Legislativa, informaram que, naquele momento, acabavam de receber a informação de que o presidente da Casa, que os recebera no período da manhã, se propõe a dar encaminhamento a vários dos itens pautados e a se reunir nos próximos dias com representantes das várias entidades para discutirem as questões de interesse geral do povo mineiro.

Sucateamento da Cemig, manipulação e crime de sonegação da Rede Globo

A passagem pela sede da Cemig, ainda na região central da cidade, foi uma das mais agitadas. Liderados pelo Sindieletro/MG, sindicato que representa os funcionários da estatal, e pelo MAB (Movimento de Atingidos por Barragens), os manifestantes apresentaram várias denúncias contra a administração da empresa e do governo do estado. Eis algumas delas: a cada 45 dias morre um trabalhador na empresa; promiscuidade com empresas terceirizadas; diretores e gerentes recebem salários de R$ 30 mil a R$ 40 mil e, ao final de cada ano, ainda embolsam entre R$ 200 mil e R$ 300 mil só de abono; a Cemig cobra a maior tarifa de energia do país; mais de 50% dos lucros vão para os acionistas, muitos dos quais especuladores estrangeiros; somente no último ano, foram mais de R$ 4 bilhões para os acionistas; a estatal é presidida por um “mensaleiro” tucano – Djalma Morais – há mais de uma década. “A Cemig deve ser gerida pelos seus trabalhadores”, defendeu uma das lideranças do MAB.

Da Cemig, os manifestantes seguiram para o bairro Caiçara, onde realizaram um ato público em frente à sede da TV Globo, que fica na avenida Américo Vespúcio, próximo ao Cemitério da Paz. Nesse local, a principal denúncia foi a manipulação clara de informação praticada pela emissora e o recente escândalo de sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e crime cometido contra o sistema financeiro, por parte da direção nacional da empresa, ao utilizar empresas nas Ilhas Virgens Britânicas para pagar à Fifa pelos direitos de transmissão da Copa de 2002. Por isso, um dos principais itens da pauta de reivindicações do Dia Nacional de Luta foi a Democratização da Comunicação, que passa pela revisão das políticas de concessão de licenças de radiodifusão.

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